Saturday, June 2

De Coisas Surreais

.
.


Uma pausa, para contar da exposição Surrealista, a acontecer em Londres
.
SurReaL ThiNgS
.
Nascido da ideologia política de Karl Marx e da psicanálise de Freud, o Surrealismo, um dos mais marcantes movimentos de arte do séc. XX, em fantástica mostra. O vocábulo relaciona-se a Apollinaire e a André Breton que, em 1924, o descreve como o movimento que procura mudar as percepções do mundo.
O interior ilusório que, segundo Freud, já não representa espaço de segurança, em exploração dos sonhos e do irracional.
.
.
Serge Diaghilev, 1926, director artístico dos Ballets Russes contrata Ernest e Miró para desenharem o guarda-roupa de Romeu e Julieta.
Porque o ballet foi uma das primeiras esferas a revelar a influência do Surrealismo, a receber, de Chirico.
.
.
Quais figuras de convite, abre a exposição em guarda-roupa, de Le Bal, 1929, Giorgio de Chirico
De Chirico transformando os dançarinos em elementos animados. Paredes, colunas, estátuas, esculturas tornadas vivas por uma noite. Ao centro, uma Sylph, personagem do ballet francês durante o séc. XIX.
.
.
Pintura, joalharia, vestuário e peças outras desfilam nas diferentes salas. Em magia.
O Teatro, o Design, a Moda.
Na pintura, representados Max Ernest, Miró e André Masson, os artistas dos primeiros anos.

De Miró, práticas automáticas que revelam o inconsciente, disse André Berton
“É o mais surrealista de todos nós”
.
Em exposição, People with Stars, 1933
..
Na sala seguinte, Marcel Jean. Panels for a Wardrobe, 1941

Estas portas, painéis do roupeiro, em trompe l'oeil, que fez para o seu apartamento em Budapeste, quando aí trabalhava como desenhador para uma empresa têxtil, foram capa do seu livro “The History of Surrealist Painting”, 1959.
A exposição diz de um trabalho de curadoria incrível. Frente às portas, um banco onde demorarmos, e as nuvens surrealistas em passagem, pela obra e pelo tecto, levadas pelo vento, em suave movimento. De ficar e ficar, em deleite.
..
No canto esquerdo da mesma sala, o biombo que serviu de livro de visitantes na Galeria Ratton, Paris. Assinado por pintores e escritores, exibe a maior parte das assinaturas dos surrealiastas que aí expuseram e de que, lamentavelmente, não possuo imagem para reproduzir.
.
De Magritte, a surpresa de haver encontrado a pintura do post que abriu este blog, La Reproduction Interdite, 1937, homenagem a Edward James. Foi este, o principal mecenas dos surrealistas, em particular de Magritte e Dali, financiador, ainda, da revista Minotaure.

O quadro representa o seu protector, Edward James projectando no espelho o seu inverso. Sobre a lareira, o livro Adventures d’Arthur Gordon Pym de Edgar Allan Poe, séc. XIX, escritor do macabro, um dos preferidos deste grupo. O livro é a única figuração no quadro, cujo reflexo no espelho é correcto, algo que se torna quase impossível de notar quando apenas olhamos uma pequena reprodução.
.
.
Magritte continua em La Jeunesse Illustrée, 1937, parada de objectos familiares ao pintor, em sequência poética, como se estes fossem palavras numa frase. A primeira versão desta pintura foi feita para a casa de Londres de Edward James (35, Wimpole st), que se divia entre esta cidade e Sussex, sua terra natal.
. .
e, entre outros mais, escolhi La Voix du Sang, 1947, que virei a aproveitar para um post posterior
.
.
Outro trabalho lindissimo, de Dorothea Tanning
.
Eine Kleine Nachtmusik, 1943, cujas cores se tornam impossíveis de reproduzir tais quais
. .
De Dali, entre vários, destaco The Hand, 1930
.

.
e A Couple With Their Heads Full of Clouds, 1936, baseado nas silhuetas do casal a rezar de Jean-François Millet’s, Angelus, 1857-9
. .
Outros nomes...
.
do surrealismo inglês, Leonora Carrington. Penélope, 1960
.
.
o austríaco Hernert Bayer. The Lonely Metropolitan, 1932
. .
e, porque as primeiras religiões e a mitologia clássica foram, frequentemente, exploradas pelos surrealistas, o quadro abaixo,
Paul Delvaux. La Vénus Endormie, 1944.
.
Influenciados pelas interpretações de Freud das antigas lendas, e a exploração de Nietsche do orgiástico culto de Dionisius, muitos destes artistas viravam-se para temas míticos de modo a criarem cenários psíquicos.
.
.
A exposição apresenta, ainda, peças de vestuário, capas de catálogos Vogue, amostras de tecidos estampados, objectos de uso comum e peças de ourivesaria, como esta abaixo, absolutamente fantástica
.
Dali. Ruby Lips Brooch (ouro, rubis e pérolas), 1949
.
.
Óbvio que esta escolha é subjectiva, são os meus eleitos, e, para que no espaço não me alongue, ainda assim, muitos ficam de fora.
.
Um mundo de sonho aberto ao sonho, Surreal Things, Victoria and Albert, Londres. Até 22 de Julho.
.
De coisas surreais,
porque a fantasia faz falta
porque faz falta sonhar
.
.

5 comments:

Bandida said...

magnífico post este! não imaginas o que gosto dos surrealistas!!!!!!!!

obrigada, teresamar. beijos.


B.
_______________________

o Reverso said...

só posso dizer obrigado.

ps-quem me dera poder ir ver.

isabel mendes ferreira said...

eu adoro todos os teus blogs.


mesmo.


mesmo.



mesmo.

CHEVALIER DE PAS said...

O surrealismo a mim já me trouxe grande sofrimento e nunca ninguém o percebeu!

CHEVALIER DE PAS said...

porque se o tivessem percebido nunca me tinham falado em vinganças!

ainda hoje peno por isso.