
Têm má fama os adjectivos. O que fazem os adjectivos raros, justapositivos, cruzados, intrigantes? Atrasam a narrativa, demoram o pensar, fazem cair sobre as coisas ou a acção a poeira da incerteza.
Mas sem o desequilíbrio destas pobres palavras, o que seria a literatura?
O adjectivo cria uma precária onda por sobre as coisas, insegura curva sensorial, provisório tempo.
Não será o adjectivo o que na língua ficou da voz e da música?
Mas sem o desequilíbrio destas pobres palavras, o que seria a literatura?
O adjectivo cria uma precária onda por sobre as coisas, insegura curva sensorial, provisório tempo.
Não será o adjectivo o que na língua ficou da voz e da música?
Jorge Silva Melo
5 comments:
"Não será o adjectivo o que na língua ficou da voz e da música?"
Vou pensar nesta frase.
Darei notícias.
O adjectivo é atrevido, palrador :) opina e julga, dá pele ou veste. Por outro lado segreda, dá cor, em melodia.
Aguardo as notícias :)
os adjectivos são a musicalidade do vocabulário
bom fim-e-semana
paula e rui lima
Pensei na frase "Não será o adjectivo o que na língua ficou da voz e da música?"
Classificar algo ou alguém, função do adjectivo, pode ser aqui interpretado como "dizer" qualquer coisa a quem a música escuta.
Quem fica "preso" a Bach, Mozart ou Schubert, foi então "touched" (perdão pela palavra", mas "tocado" lembra-me laranjas...) pelo que ouviu. E não são as mesmas pessoas, digo eu, que se deslumbram com um qualquer desses conjuntos modernos que fazem barulho em vez de música.
É, na verdade o adjectivo "classifica", e distingue.
É engraçado, ainda fico a pensar nisto...
Bom dia Rigoletto
e eu fico a pensar nessa outra forma de observar os adjectivos e de deles nos servirmos.
O adjectivo não apenas como um atributo mas uma mensagem.
O livro, do autor do texto, apesar de memórias do séc. XX, vou comprá-lo.
Post a Comment