Wednesday, October 17

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. Le Seducteur, 1953
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A viagem fazemo-la num qualquer modesto cargueiro
Existe ainda um porto onde não tivéssemos tocado?
Existe alguma espécie de tristeza que ainda não tivéssemos cantado?
O horizonte que a cada manhã tínhamos pela frente
Não era igual ao que à noite deixávamos para trás?
Quantas estrelas desfilaram à nossa frente
Roçando as águas
Não era cada aurora o reflexo
Da nossa grande nostalgia?
Mas é em frente que vamos, não é verdade?
É em frente que vamos.
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Nâzim Hikmet in Poemas da Prisão e do Exílio
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4 comments:

Mar Arável said...

Olhos postos no infinito

Bandida said...

e leva-nos longe o azul.



beijo teresamar.


B.

náufrago do tempo e lugar said...

sal, bálsamos, rumores
tristezas silenciosas
líquidos horizontes
lírios, nardos, rosas
brisas levantinas
linhas sombrias, formas.

sob o luar silente e cheio
não há barco nem barqueiro
que me levem à outra banda
para a margem em que dormem as estrelas.

a bruma levanta-se
o norte foge-me
e o frio queima-me o rosto como brasas.
nas asas vacilantes da noite
que adormece e esfria
só o poente é exacto.
mas se “pelo sonho é que vamos”
e “é em frente que vamos”
e a frente é a aurora
para oriente é que vamos.

Haddock said...

à letra, até parece escrito para o capitão...

ahhh, o moustaki!! aos anos que não ouvia isto...