Tuesday, July 24

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.Le Visage du Génie, 1926-7
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Uma só coisa é necessária: a solidão, a grande solidão interior. Caminhar em si próprio e durante horas não encontrar ninguém - é a isto que é preciso chegar.
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Rainer Maria Rilke, in Cartas a Um Jovem Poeta
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13 comments:

Frioleiras said...

Rainer Maria Rilke...
Nos meus 20 anos foi uma grande referência...

A grande solidão interior não é nada senão o medo da dor, física, sobretudo...

Poderei estar enganada mas acho que, sub-repticiamente o medo da dor está sempre inerente em nós, mais do que o medo da morte ou da solidão !

Solidão ? O que é a vida do pós-pós-modernismo e da globalização senão Solidão?

O medo supremo já não é esse, repito.
É o medo da Dor e o receio de cairmos num hospital, ou casa, ou clínica e não termos meios para aguentar o espaço de tempo até à morte (expectante, desse estado).

Bj.
F.

teresamaremar said...

Tu aí, eu aqui... já não terei, a estas horas, ideias muito claras, mas... achas... o medo da dor é o medo maior?

O medo da dor é um medo maior, quando existem hoje mais e melhores formas/fórmulas de a atenuar do que há décadas atrás?

Ou...

torna-se um medo maior porque se adivinha que essa dor não seja acompanhada, partilhada, acarinhada, mas... em solidão?

porque,

[e aí subscrevo o teu "O que é a vida do pós-modernismo e da globalização senão Solidão?"]

caminhamos, quase inevitavelmente, para morte, doença ou dor muito solitárias.



Meditarei nas tuas palavras, mas, continuo a crer que o medo maior é o da solidão.

beijo

spring said...

olá teresamaremar!
a solidão mete medo ao mais comum dos mortais... pode-se estar sózinho(a), mas quando se possui o nosso pequeno mundo, estamos sempre acompanhados. A solidão é um estado que habita a alma e não o corpo, por essa mesma razão, não é o facto de estarmos rodeados de pessoas que a solidão não existe, essa solidão... mete mesmo medo.
Para a liquidar não há nada como os pequenos prazeres, sejam eles a escrita, a literatura, a música, o cinema, um quadro que se ama e admira.
Qunto a este livro do Rilke acompanha-nos desde a época em que foi editado pela "Contexto"... uma verdadeira pérola literária.
beijinhos
paula e rui lima

Zénite said...

“Amar é chamar o outro para fora da sua solidão."
André Ligneul


Vejo e sinto a solidão como se vagueasse (eu) por uma estrada fria e escorregadia que se alonga. As bermas são pedras. E as pedras deviam esmagar o vazio. E não esmagam.

Abraço e um bom fim de tarde.

Anonymous said...

Lamento...mas não concordo com os comentários.

Solidão é sinónimo de medo?

Não.

"A solidão é a prova máxima da humildade ou de um espírito sublime", disse D'Annunzio.

Solidão não é receio.
É um estado necessário, e não dura horas, pode até durar uma vida.
Há é quem não aprecie a solidão.
Mas isso...já só depende de cada um.

teresamaremar said...

Estar só é físico, solidão é estado de alma.

A verdade é que o Homem não foi feito para estar só. Poderemos gostar dos nossos exclusivos espaços e tempos, de, nos nossos pequenos cantos, encontrar mil deleites, poderemos ainda não os querer partilhar nem ver invadidos num estar só que nos preenche. Porque opcional. Esse estar só, em encontro connosco mesmos, em retiro, é não apenas aconselhável, recomendável, mas necessário.

Mas tudo se modifica quando pensamos na doença e envelhecimento numa solidão imposta.
Precisar de ajuda, companhia ou aconchego e não ter ninguém... é essa solidão que julgo ser um dos maiores dramas e medos dos nossos tempos.

obrigada :)

o Reverso said...

sem solidão, estar só, comigo, sabe-me sempre muito bem.
até quando estar assim e não me sentir só?

teresamaremar said...

Boa noite Triliti

os momentos a sós connosco sempre sabem bem e, como eu disse no comentário-resposta acima, são até recomendáveis e necessários.
Com os anos, vamos até ficando mais ciosos dos nossos tempo e espaço.
O que disse "sem solidão, estar só" parece-me ser quanto baste para que se possa sentir sempre bem assim.

Obrigada

lésbica só said...

estava ansiosa para q voltasses!
Estas palavras do Rilke são daquelas que eu sigo à letra. Por acaso ia escrever sobre a solidão, tb:)
Bjs

lésbica só said...

desculpa, só depois fui ler os outros comentários: muito interessante! sou das que subscreve o que diz o rigoletto. essa solidão interior, não física, para a qual devemos caminhar, segundo Rilke. e com a proximidade da morte, todos os medos se desvanecem. é tão bom envelhecer só, porque é tão mais difícil envelhecer verdadeiramente acompanhado. isso acontecia mais facilmente antes da dita globalização. ...bom, é melhor deixar espaço a outros. vou pensar nisto no meu blog. Beijos

teresamaremar said...

Olá Ângela

pois... o ser e o parecer...

quando estamos, de facto, "verdadeiramente acompanhados", ainda que pareçamos não estar sós?


Encontrei uma outra máxima, esta do Schopenhauer, que tu e o Rigoletto apreciarão :)

A solidão é a sorte de todos os espíritos excepcionais



Bommmm, e agora deixem-me brincar... é que este senhor subscrevia a fórmula renascentista Soit belle et taît toi", pois dele é, também, a celebérrima frase

Uma mulher quieta, calada e vestida de negro até parece inteligente

vai daí que... não me parece que ele seja muito credível :))))))


beijoooo

relatosdeumruivo said...

Sim, concordo com a citação. Para vivermos sempre bem, talvez fosse necessário nunca nos conhecermos realmente e sermos o tudo e o nada, simultaneamente.
Obrigado pela passagem no meu espaço.
Beijo ruivo

teresamaremar said...

Obrigada, também, pelas sua visita e palavras.