Wednesday, June 20

Envelhecer

Les Rêveries du Promeneur Solitaire, 1926
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A primeira surpresa: agrada-me.
Agora, haja o que houver, algumas coisas
que eram assustadoras deixaram de o ser:
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por exemplo, não morri cedo. Nem perdi
o meu único amor. Nenhum dos meus três filhos
se viu forçado a abandonar ninguém.
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Não me digam que esta gratidão é complacente.
Todos nos aproximamos da mesma escuridão
que para mim é o silêncio.
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Saber isto ainda torna mais vivo
o meu deleite pelas frésias de Janeiro,
pelo café quente e pelo sol de Inverno. Assim
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dizemos, juntos, num momento de ternura:
cada dia que for ganho à escuridão
é tudo o que podemos celebrar.
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Elaine Feinstein
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3 comments:

Mar Arável said...

O silêncio é alimento mas a vida não se resume à contemplação - é preciso intervir na paisagem

Anonymous said...

Dia a dia, sim.

De tranquilidade, de ligação apenas ao que verdadeiramente importa, de paz de espírito.
De respeito pelos outros, de boa vontade, de pensamentos sadios.

Dia a dia, sim.
Um de cada vez.

Sem cordas que nos atem.
Sem palavras que nos magoem.
Sem desvarios desnecessários.
Sem precipitações ocas e opacas.

Dia a dia, sim.

Porque como Sérgio Godinho diz e bem, "hoje é o primeiro dia, do resto da tua vida".

Fernando Palma said...

Sim, é uma forma agradavel sábia de se pensar. Sempre haverá motivos para celebrar!

Beijos e boa semana!