Friday, May 25

De Mundo na Mão

.

Le Beau Monde, 1962
.
.
Escrever. Porque escrevo? Escrevo para criar um espaço habitável da minha necessidade, do que me oprime, do que é difícil e excessivo. Escrevo porque o encantamento e a maravilha são verdade e a sua dedução é mais forte do que eu. Escrevo porque o erro, a degradação e a injustiça não devem ter razão. Escrevo para tornar possível a realidade, os lugares, tempos, pessoas que esperam que a minha escrita os desperte do seu modo confuso de serem.
E para evocar e fixar o percurso que realizei, as terras, gentes e tudo o que vivi e que só na escrita eu posso reconhecer por nela recuperarem a sua essencialidade, a sua verdade emotiva, que é a primeira e a última que nos liga ao mundo. Escrevo para tornar visível o mistério das coisas. Escrevo para ser. Escrevo sem razão.
.
Vergílio Ferreira in “Pensar”
.
.

5 comments:

Anonymous said...

Muitos sabem escrever, mas poucos escrevem.
Dos poucos que escrevem, muitos nada escrevem.
Dos poucos que restam, ninguêm lê o que muitos escrevem.

E chegamos a poucas centenas de autores conhecidos e lidos.

Porque escrevem?
Porque dizem algo importante.
"Porque são".
Mesmo "sem razão".

teresamaremar said...

Com razão ou sem ela, talvez mais do que para dizer se escreva para ser. E, na escrita que resulta, nos descobrirmos ou encontrarmos, porque ali, preto no branco, está um lado de nós.

spring said...

quando escrevemos somos outros... mudamos de identidade e mergulhamos na ficção em busca de outro vocabulário... entramos nesse continente perfeito constituído por palavras... navegamos no silêncio do olhar e sorrimos como a criança-nocturna que vive no interior de nós:)
paula e rui lima

teresamaremar said...

É... ao sabor da nossas emoções, fantasmas, recriações, em viagem.
E que poderosas são as palavras...

Obrigada Paula e Rui

Anonymous said...

Aprendi muito